Resenhas

Patrícia Ahmaral
(por Kiko Ferreira, crítico de música)

A pretensão de boa parte das intérpretes contemporâneas de música é a de navegar por diversos estilos e ter livre trânsito por públicos heterogêneos. Dar conta do local e do universal, de agradar pequenos grupos e, ao mesmo tempo, fazer uma platéia desconhecida e numerosa cantar uma canção inédita com o conforto reservado aos grandes sucessos, aos clássicos atemporais.
A cantora mineira PATRÍCIA AHMARAL pode ser incluída neste seleto time de artistas com potencial para assumir riscos e manter a qualidade. Com desempenhos de crescente desenvoltura e apuro técnico na área erudita, onde vem conquistando papéis cada vez mais importantes e complexos, PATRÍCIA desenvolve uma carreira na música popular marcada pela originalidade e pelo bom gosto, ingredientes que, aliados ao rigor com que se dedica à arte da interpretação, fazem dela uma cantora com personalidade única.
Com dois discos gravados, “Ah!”, de 2002, e “Vitrola Alquimista”, de 2004, ela tanto pode ser ouvida revirando pelo avesso um clássico da música popular brasileira como “A Volta do Boêmio”, de Nelson Gonçalves, ou a erudita “Quem Sabe”, de Carlos Gomes, como dá conta de inserir no jogo músicos das novas gerações, como Renato Negrão, Christian Maia, Ricardo Aleixo, Edvaldo Santana, Suely Mesquita, KaliC e Renato Villaça. No meio do caminho revê, com personalidade, músicas de autores consagrados, como Alceu Valença (“Cabelos Longos”), Herbert Vianna (“A Mais”, com Pedro Luís) e Raul Seixas (“S.O.S.”), como recupera os “malditos” Walter Franco (“Mixturação”) e Sérgio Sampaio (“Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua”, “Cabras Pastando”).
Intérprete especial de Zeca Baleiro (“Voduzinho”,“Amargo”), que produziu o primeiro disco, PATRÍCIA AHMARAL assume uma postura de palco e estúdio que demonstra segurança, coragem para assumir riscos e garra suficiente para transformar seus shows em recitais regados a sedutora adrenalina. Com isso conquistou afetos como o de Fernanda Takai, do grupo Pato Fu, que deu a ela de presente a música “Palavras Sorteadas”, do disco novo, e do diretor e roteirista Pedrinho Alves Madeira, que construiu para ela um show com a obra do poeta e letrista Torquato Neto. Apresentado na programação de comemoração do centenário de nascimento de Belo Horizonte, em 1997, o espetáculo é um projeto especial a ser recuperado com urgência, em palco e disco.
Afinada, afiada, sintonizada com seu tempo e espaço, PATRÍCIA AHMARAL é uma intérprete capaz de conquistar ouvintes de boa música em qualquer canto em que haja alguém disposto a conhecer uma artista com a inquietação necessária dos que fazem a diferença.


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