Apresentação

Eliana Printes

"A primeira vez que eu entrei em uma casa de espetáculo foi ainda muito criança, levada pelo meu pai que era marceneiro do Teatro Amazonas. A marcenaria, hoje desativada, ficava no subsolo do Teatro, sob o palco, onde eram construídos os cenários das companhias de teatro que alí se apresentavam.

Eu lembro que meu pai segurando a minha mão e andando no corredor central da platéia me mostrava as pinturas do teto, dizendo que a maioria dos objetos de arte, esculturas, o mármore, tinham vindo de fora do pais, mas eu não fazia a menor idéia do significado. Eu tinha por volta de seis ou sete anos, não lembro ao certo, mas fiquei encantada e tudo aquilo me parecia um lugar mágico, para onde eu olhasse, mas o que ficou na minha memória foi a beleza incrível que é o Teatro Amazonas e eu guardo até hoje comigo. Só mais tarde pude compreender o porquê de ele ter sido construído no meio da selva a mais de cem anos.

Meu pai é pernambucano de Caruaru e minha mãe paraense da cidade de Óbidos. Eu nascí em Manaus e tive uma infância boa, pois não tínhamos os problemas de hoje, então brincavamos em frente de casa, numa pracinha, eu e um grupo de crianças do meu bairro, me recordo que tinha uma amiga que era mais velha que a maioria da turma, ela organizava no quintal de sua casa uma espécie de show de calouros. Ela era a apresentadora, tinha uma comissão julgadora e eu e as outras crianças éramos os candidatos. Um pedaço de madeira com um arame na ponta servia de microfone... todos nós cantávamos as músicas que eram sucesso naquela época e isso foi tomando forma. Sem saber o que siginificava, quando o professor na sala de aula perguntava sobre vocação profissional, eu respondia que queria ser cantora. Ele ficava surpreso e os colegas riam.

Na minha casa sempre se ouviu muita música. Mamãe tinha os discos de cantores bem populares, já meu pai gosta de samba, tocava um pouco de cavaquinho e pandeiro. Um dia ele chegou em casa com um disco do Chico Buarque, e ouviu umas dez vezes a música “Construção”. Acho que eu aprendí a música inteira naquele dia.

E foi assim ouvindo música e cantando junto com os discos que fui gostando mais e mais de música e isso tudo era uma diversão . Com 12 para 13 anos comecei tocar violão e fiz um curso de musicalização no conservatório de música da minha cidade também entrei para ser a vocalista de uma banda de alunos do Sesi que ficava próximo a minha casa, daí quando percebi já estava cantando profissionalmente e formei com um grupo de amigos uma nova banda. A partir daí vieram vários festivais, shows e em todos eles minha mãe estava junto me fazendo companhia, pois eu era menor de idade.

Depois, essa banda se desfez e ao mesmo tempo concluí o ensino médio no Instituto Batista Ida Nelson em manaus e então segui em carreira solo, agendei o meu primeiro show para o Teatro Amazonas, e fiz de tudo um pouco, desde vender ingressos de porta em porta para os amigos, até espalhar cartazes pela cidade, buscar apoio etc... e graças a Deus conseguimos lotação máxima do Teatro e uma ótima repercussão na cidade. Quando vi aquele teatro cheio de gente me veio a lembrança da primeira vez que entrei nele ainda muito criança, foi uma experiência e tanto, realmente passou um filme em minha cabeça. Todas as vezes que me apresento lá tenho essa sensação, os minutos que antecedem cada apresentação se tranformam em momentos de felicidade. É mágico, não dá pra descrever o que sinto. Outra coisa que gostaria de fazer, pois sempre tive uma curiosidade muito grande é ver como estão as coisas do lado de fora da casa de espetáculos. Ás vezes quando estou no camarim me preparando para entrar no palco tento me transportar para o lado de fora da casa de espetáculos, ou seja, ficar junto com as pessoas conversar com elas, depois entrar, sentar e assistir da platéia uma apresentação minha, sei que isso não é possível, mas gostaria muito de saber como as pessoas se sentem me ouvindo cantar.

Depois da estreia oficial no teatro Amazonas todos os anos eu faço pelo menos três apresentações lá. Foi lá que a canção “Lembrando Você” de Sérgio Souto e Moacyr Luz, foi gravada apenas como registro de show e acabou indo parar na programação da rádio Novidade FM e em pouco tempo se tornou um sucesso, o que me fez pensar com clareza a necessidade de registrar o meu trabalho em cd."



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