Resenhas

O amor, o sorriso e a flor de Fred Martins à bossa nova

Nascido em Niterói em 1969, Fred Martins estudou contraponto e harmonia com o maestro alemão radicado no Brasil Hans-Joachim Koellreuter, professor de Tom Jobim e Paulo Moura, dentre outros grandes nomes da música brasileira. Estudou ainda arranjos com Yan Guest, professor húngaro que veio para o Brasil em 1957 e aqui se dedicou a ensinar música a músicos brasileiros.

Começou aprendendo o Fred Martins, e em 2001 lançou o seu primeiro CD, Janelas; em 2005, o segundo, Raro e Comum; em 2006 ganhou o prêmio Visa de melhor cantor; e em 2007 lançou Tempo Afora, lançado também em DVD em 2008.

Como compositor, dentre outras, Fred Martins teve “Novamente” (com Alexandre Lemos) gravada por Nei Matogrosso; “Flores” (com Marcelo Diniz) gravada por Zélia Duncan; e “Sem Aviso” (com Chico Bosco) gravada por Maria Rita.

Agora, em seu quarto álbum, Guanabara (Sete Sóis), o compositor, violonista e cantor Fred Martins buscou a sonoridade que sempre lhe disse muito à alma e cujos sons e intenções, nem sempre nítidos nos trabalhos anteriores, estavam por vir à tona em forma de tributo a um estilo musical que o marcou desde sempre: a bossa nova.

Gravando ao mesmo tempo a voz e o violão, de modo a que tudo soasse o mais vivo possível, ele reaviva um tempo em que o violão e a sua batida sincopada eram colocados na “cara” do ouvinte. Assim, os arranjos foram criados de modo a buscar o algo mais sempre presente nas gravações seminais da bossa nova, principalmente nas de João Gilberto.

A bateria tocada por Marcio Bahia em sete das treze faixas do álbum lembra a pulsação de mestre Milton Banana nas primeiras gravações de João Gilberto, assim como a percussão de “Doce Amargo” – dedicada por Fred e por Marcelo Diniz a Baden e a Vinícius – relembra a de Pedro Sorongo para “Sorongaio”, música de Pedro, gravada no LP Baden Powell À Vontade (Elenco), em 1963.

Em alguns momentos na flauta, Marcelo Martins (arranjos para sopros, saxes e flautas) relembra outro ícone da música brasileira: Carlos Cópia, o genial Copinha. E as cordas para as quais Jessé Sadoc fez dois arranjos têm momentos que nos remetem às do memorável maestro soberano Tom Jobim para o LP Chega de Saudade, de João Gilberto.

Assim, todos os sons presentes em Guanabara são fruto de uma reverente homenagem prestada por Fred Martins à bossa nova. Para ela ele canta de forma contida, com a afinação e com o suingue que Deus lhe deu, cada uma de suas músicas e toca violão como que pedindo a benção aos seus grandes inspiradores.

Fred compôs para prestar à música que sempre o inspirou um tributo que ininterruptamente achou que deveria prestar, dando-lhe o melhor que seu talento pudesse criar. 

E o CD de Fred rola límpido, macio, cheio de bossa e malemolência. Pleno de melodias ricas em achados e de harmonias desenhadas num pano de fundo que flui da música deste ótimo compositor. Um intérprete sedutor, um fascinante violonista.

Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4, tem uma coluna semanal no Diário do Comércio (SP), no Meio Norte (Teresina), A Gazeta (Cuiabá), Jornal da Cidade (Poços de Caldas) e no Brazilian Voice (uma publicação voltada para os brasileiros residentes em toda Costa Leste dos EUA).



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